quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A filosofia tática de Roger Machado, que aplica os seus modernos conceitos de jogo no Grêmio, terceiro colocado do Brasileirão


O técnico do Grêmio e ex-jogador Roger Machado, 40 anos, é graduado em educação física, além de ter feito curso de gestão esportiva e participado do Fórum Internacional de Futebol (Footecon) por dois anos, em resumo: estudou e buscou conhecimento, com um importante incentivo de Augusta, sua mãe, e uma contribuição de Tite, atual técnico do Corinthians, que era seu técnico no próprio Grêmio em 2001/2003.

''A busca pelo conhecimento é algo constante para mim. Foi algo que foi fomentado desde muito cedo. Minha mãe de criação me ensinou que sempre temos que buscar conhecimento, porque conhecimento ninguém te toma, a não ser que corte tua cabeça fora. E isso eu passo para as minhas filhas também'' – destacou o treinador, em entrevista ao LANCE!.

Em uma entrevista recente, Roger ressaltou que alterou a estrutura da equipe, acrescentou os seus conceitos de jogo e fez a equipe jogar de uma maneira que representa a sua forma de vê o futebol e, na mesma entrevista, afirmou: ''tomo decisões em prol do coletivo''. Isso dito por ele, exemplifica o que é o Grêmio: um time que aplica os modernos conceitos de jogo do seu técnico e que prioriza o trabalho coletivo para favorecer o talento individual de alguns jogadores e vice-versa.

O sistema tático-base da equipe é o 4-2-3-1, com Walace e Maicon à frente da defesa e por trás de uma linha intermediária de ataque formada por Giuliano pela direita, Douglas pela faixa central e Pedro Rocha à esquerda, com Luan - o falso 9 - à frente.


Sem a bola, a equipe alterna entre executar a marcação pressão com o quarteto ofensivo na saída de bola do oponente ou se fechar com duas linhas de quatro muito compactas, com Douglas e Luan à frente da segunda linha, como no flagrante tático abaixo. No Grêmio de Roger: todos participam ativamente da fase defensiva, algo que exige um trabalho coletivo muito forte e que facilita o trabalho de encurtar/tirar os espaços do oponente.

Reprodução: SporTV/Premiere
Ao perder a bola, o chamado momento pós-perda (essencial para a transição defensiva), a equipe busca imediatamente recuperá-la, criando intensamente a superioridade numérica e fechando as linhas de passe, como na imagem abaixo, algo muito importante no futebol (não só no atual), pois mesmo se não tiver sucesso na recuperação, o passe do adversário será quebrado e, consequentemente, a organização ofensiva ficará prejudicada, facilitando o trabalho defensivo.

Reprodução: SporTV/Premiere
Na saída de bola, os zagueiros abrem, Walace ou Maicon - segundo melhor passador do Brasileirão, com 1015 passes certos e o melhor do time nesse fundamento - afunda entre eles, os laterais avançam para dá amplitude, os meias e/ou atacantes se movimentam e aproximam-se dos zagueiros e volantes: o time constrói o jogo - como no lance abaixo - com qualidade e movimentação desde lá de trás, quase sempre executando a saída de 3 ou saída lavolpiana. Mecanismo coletivo e moderno.

Reprodução: SporTV/Premiere

Roger disse que o futebol não deixa de ser uma forma mais complexa das rodas de bobinho, só que móvel: o Grêmio aplica isso dentro de campo, a transição entre defesa e ataque é muito rápida, os jogadores se movimentam e aproximam-se para trocar passes curtos e rápidos com triangulações pela faixa central e/ou pelas beiradas, atraindo a marcação e criando espaços, fazendo o adversário ser o bobinho em campo, como no lance abaixo.

Reprodução: SporTV/Premiere
— Sabem aquelas rodas de bobinho em que os jogadores fazem antes dos treinos? O futebol não deixa de ser uma forma mais complexa daquilo ali, um grande "bobo móvel". E eu tenho que enganar o adversário — exemplificou Roger, no programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha. Dito e feito.

Na mesma entrevista, Roger ressaltou que busca a aproximação dos jogadores pelo meio, mas ao mesmo tempo procura criar profundidade pelos lados, para abrir o jogo e depois cruzar na área, com os jogadores que trabalharam a bola pelo meio infiltrando-se na área, como no lance abaixo.

Reprodução: ESPN.com.br
— Precisamos desta aproximação pelo meio, mas com criação de profundidade pelos lados. Abrir o jogo para depois avançar pelo centro de novo. Neste caso, o mais importante é quantos jogadores chegam dentro da área. Tem um amigo meu que diz: "se o futebol fosse só pelos lados, o gol não era no meio" — ressaltou Roger, no programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha. Novamente, dito e feito.

Vale ressaltar que, uma das grandes diferenças do Grêmio de Felipão para o de Roger, é que agora a equipe treina menos, mas melhor e mais forte. Se a equipe treina bem, joga bem. Se a equipe compreende a ideia do técnico no treino, aplica no jogo. Se treina intensamente, joga intensamente. Em resumo: tudo que o Grêmio faz em campo, foi pensado e treinado por Roger.

Estatísticas: Footstats

Por: José Victor
Siga-me no Twitter: @josevitor83






11 comentários:

  1. Muito boa leitura, parabéns! Estava faltando na mídia que trata do fator tático uma análise mais profunda e detalhada do Grêmio de Roger.

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  2. Porra,me surpreendi,Cada vez tu ta evoluindo...espero q continue e assim e faz uma do Meu Corinthians ou do BVB de Thomas Tuchel

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    1. Muito obrigado, Pedro! Quando for possível, farei análise do Borussia Dortmund de Thomas Tuchel e do Corinthians de Tite.

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  3. Parabéns José, que você continue mandando bem, e o Roger ajude o melhorar o nível tático brasileiro. Abraços do Marcelo Faviere ;)

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    1. Ele tende a crescer ainda mais. Muito obrigado, Marcelo! Abraço!

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  4. VC destrinchou muito bem o esquema tático do Grêmio, se fosse técnico, usaria sua matéria na minha preleção, ao jogar contra.

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