sábado, 8 de agosto de 2015

River Plate é tricampeão da Libertadores da América: os aspectos táticos da vitória diante do Tigres, que decidiu a competição


Na quarta-feira (5), River Plate e Tigres entraram em campo - no lotado Monumental de Núñez - para decidir a Libertadores da América de 2015. O time argentino buscava o título que não vinha desde 1996, enquanto que, o time mexicano buscava um título inédito para o clube e para o seu país. Vitória e título - o terceiro da Libertadores na sua história (1986,1996 e 2015) - dos ''Millonarios'', por 3 a 0, com gols de Alario, Carlos Sánchez e Funes Mori, respectivamente. Por vários fatores, o que irá acontecer no Mundial de Clubes, daqui a 5 meses, é imprevisível.

Posicionamento inicial das equipes: River no 4-4-2, com e sem a bola. Já o Tigres, com a bola, alternou entre o 4-2-3-1 e o 4-1-4-1, de acordo com a movimentação de Arévalo, sem a bola, alternou entre o 4-4-1-1 e o 4-1-4-1.
Com poucos minutos de bola rolando, ficou clara a proposta do River de Marcelo Gallardo: pressionar intensamente a saída de bola do Tigres para roubar a bola próximo do gol e/ou forçar o chutão, como no flagrante tático abaixo: observe a marcação pressão do time argentino na saída de bola do time mexicano, forçando o lateral-esquerdo Torres Nilo - sem opções de passes - dá um chutão.

Reprodução: Fox Deportes
Na mesma imagem acima, também é possivel observar: a grave falta de aproximação de Arévalo e dos meias-atacantes - Damm pela direita, Sóbis pela faixa central e Aquino à esquerda, com Gignac (pouco participativo) à frente no 4-1-4-1/4-2-3-1 do Tigres, variação ocasionada pela movimentação constante de Arévalo - de Pizarro ( quase sempre marcado por Ponzio) e dos zagueiros, dificultando/prejudicando ainda mais a organização ofensiva mexicana, que com o passe ''quebrado'' pouco ocupou o campo de ataque nos primeiros 15 minutos.

Quando a marcação pressão dos "'Millonarios'' falhava, o time sempre buscava a formação de superioridade numérica no setor onde a bola está (no jogo) e fechava as linhas de passes do adversário. Fechava-se com duas linhas de quatro nem tão compactas, com a linha de meio-campo composta por Sánchez pela direita, Kranevitter e Ponzio pela faixa central e Bertolo à esquerda, com Cavenaghi e Alario à frente, no 4-4-2 ''em linhas''.

Com a bola, a equipe argentina buscava a troca de passes curtos e rápidos, principalmente pelo flanco direito, mas não tinha infiltração dos meias e profundidade dos laterais e/ou meias-extremos, também com dificuldade pela compactação do Tigres no 4-4-1-1/4-1-4-1, na fase defensiva. Na saída de bola, Sánchez e Bertolo, geralmente, procuravam o centro do campo, abrindo os corredores para os laterais, entretanto, em alguns momentos, eles não ''alargavam'' o campo, como no lance abaixo, onde tambem é possivel observar alguns encaixes individuais realizados pelo Tigres de ''Tuca'' Ferretti.


Reprodução: Fox Deportes

Além da falha na saída de bola do Tigres, como já foi citado anteriormente na análise, faltou inteligência para a equipe mexicana, como o River não foi tão compacto defensivamente (ora marcando por zona e ora com encaixes), deixava um bom espaço para ser aproveitado entre os setores, mas o Tigres não atacou esses espaços vazios, além de não alargar o campo, como no lance abaixo.

Reprodução: Fox Deportes
O time mandante comandava a posse de bola ( 55% a 45%), entretanto, errava quase o dobro de passes - no primeiro tempo, foram 24 a 13 passes errados - e acertava mais (116 a 89). O primeiro gol do River saiu em uma jogada individual de Vangioni, que aproveitou a falha da marcação e acertou um belo cruzamento para Alario cabecear e abrir o placar. A seguir, pode-se observar o flagrante tático do primeiro gol dos ''Millonarios'':


Reprodução: Fox Deportes

Na volta para a segunda etapa, as peças e os sistemas táticos foram mantidos, porém, a estratégia do River Plate e do Tigres mudaram. A equipe argentina diminuiu a pressão e passou a marcar entre as intermediárias, dando um pouco mais de liberdade para Pizarro e buscando explorar os contra-ataques. O Tigres passou a propor o jogo, acionando mais Aquino e Damm, mas ainda sem mobilidade e infiltração, facilitando o trabalho defensivo do time argentino.

''Tuca'' Ferretti, que é brasileiro e está há 5 anos como técnico do Tigres, buscou qualificar o passe tirando Arévalo e colocando Dueñas, mas não deu certo, time continuou com posse, mas ainda um pouco estático e bem marcado pelo River. Gallardo tirou Alario, aparentemente machucado, e colocou Driussi, para dá mais velocidade no terço final do campo e pra ''colar'' em Pizarro, com isso, desfez o 4-4-2 e montou um 4-2-3-1, com variação para o 4-4-1-1, na fase defensiva, com Driussi por trás de Cavenaghi em ambas as fases.

Aos 28 minutos de jogo, Sánchez bateu muito bem o pênalti que sofreu para ampliar e praticamente garantir o título. Depois do gol sofrido, Tuca foi pro ''tudo ou nada'', tirando o lateral-direito Jiménez e colocando o atacante Guerrón, deslocando Damm para a lateral-direita, em uma espécie de 4-1-4-1. No River, entrou Pisculichi, o enganche do título da Copa Sul-Americana de 2014, no lugar de Cavenaghi. Logo depois, Pisculichi cobrou o escanteio na cabeça de Funes Mori que fugiu da marcação para fazer o gol do título. 

Ainda deu tempo de colocar o experiente Lucho González no lugar do jovem e promissor Kranevitter, com ele atuando ao lado de Ponzio pela faixa central da linha de meio do 4-4-1-1/4-4-2. Nada mais importante aconteceu, além de uma confusão, típica de uma final de Libertadores. Tigres terminou com mais posse de bola ( 52% a 48%), mas finalizou apenas uma vez no alvo em 90 minutos, contra 4 finalizações certas do River ( 3 foram gols): eficiência.

Posicionamento final das equipes: River no 4-4-2/4-4-1-1 contra o Tigres em uma espécie de 4-1-4-1.
Título merecido do River, com uma campanha ruim na primeira fase, mas com regularidade no mata-mata, venceu a equipe menos técnica na final, pois o trabalho coletivo e a raça prevaleceram diante de um dia ruim de alguns talentosos jogadores do Tigres.


Dados estatísticos: Footstats


Por: José Victor
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